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terça-feira, 9 de novembro de 2010

OS VALORES RELATIVOS DA NÃO-VIOLÊNCIA E SUAS DEFINIÇÕES

ALTRUÍSMO: Tudo o que fazemos com altruísmo é positivo e construtivo porque é inspirado pela nossa sabedoria interior. O altruísmo é a vitória sobre o egoísmo que embaça e obscurece a visão de nós mesmos, do outro e do universo. Ele ilumina a consciência e faz com que o mais simples ato, realizado sem a preocupação de satisfazer nosso ego, de modo desapegado, torne-se um rito sagrado, porque somos movidos por amor, sem visar recompensas. 

 SOLIDARIEDADE: É a comunicação profunda com o nosso semelhante, porque, sendo solidários, enfatizamos nossas similaridades e dissolvemos empecilhos em forma de personalidade, credo, cultura, raça ou posição sócio-econômica. A solidariedade supera a indiferença e faz reconhecer o outro em nós. Ela nos torna mais receptivos e identificados com a humanidade e toda a criação divina.                                                     

CONCÓRDIA: O exercício da concórdia consiste na apreciação serena, paciente e lúcida de uma opinião ou situação que envolva a nós ou a outras pessoas, visando encontrar soluções de consenso. Em qualquer discussão, deve-se buscar acordos e não impor pontos de vista imperativamente, para que a troca de idéias seja válida e estas não morram estéreis. A concórdia é a busca do senso comum, da paz e da harmonia entre posições opostas visando o aprimoramento de objetivos.                          

UNIDADE: Apesar da multiplicidade de aspectos e diversidade de funções e formas, nada nem ninguém pode ser considerado isolado. Tudo o que existe na natureza e no universo interage e se comunica energeticamente. Se abrirmos o coração e o intelecto para a vida, veremos nitidamente a unidade da natureza. O amor é a grande ação unificadora, a energia que anima, mantém e transforma a existência. O espírito de Deus refulge dentro e através de Sua obra e unifica a aparente diversidade.                                                       

FRATERNIDADE: O egoísmo provoca medo, separação e crueldade. A consciência da fraternidade entre os homens e da paternidade de Deus muda o sentido de estar vivo. A percepção de que os nossos anseios mais legítimos e profundos são basicamente os mesmos que movem o coração dos nossos semelhantes inverte a visão individualista. Compreendemos então a vida sob novo prisma e nos livramos de demonstrações de interesses pessoais para manifestar respeito, amor e reciprocidade, reconhecendo em todos a mesma origem divina.

COOPERAÇÃO: É fazer junto, trabalhar em comum. A cooperação fortalece o espírito de grupo e enfraquece a competição e a necessidade de ganhar – mostra que o outro não é adversário, mas companheiro. O reconhecimento da importância de cada um no todo abre a mente e o coração para o conjunto, e isso faz com que ofereçamos prazerosamente nossos talentos para o bem comum. O egoísmo competitivo superestima nossa atuação e diminui a qualidade da atividade do outro. A cooperação apara as arestas da vaidade e do orgulho auto-suficiente.

FORÇA INTERIOR: O cultivo dos valores humanos nutre o caráter. A debilidade de caráter deve-se à falta de força interior, que nos leva a temer a vida, mentir, roubar, matar e praticar toda a sorte de vilanias e crimes conta a natureza. A força interior enobrece os pensamentos e impulsiona nossos atos para a superação de todo obstáculo. Vencemos nossas deficiências e hesitações com a ajuda da força interior, a centelha vital que nos anima e inspira como parceira incondicional. Enfrentar adversidades abre novos caminhos; as transformações movem-se através de provações e a força interior propicia a renovação mental e espiritual.

RESPONSABILIDADE CÍVICA: Criticar erros e deficiências sociais sem procurar eliminá-los é fugir das responsabilidades civis. Agir como espectadores, como se estivéssemos incólumes, só agrava o problema. Instituições governamentais, indústrias, empresas, universidades e escolas funcionam porque homens e mulheres nelas trabalham e delas se beneficiam; só justificam sua função na sociedade se os colaboradores tiverem dedicação, honestidade, consciência do valor do serviço prestado e responsabilidade cívica. Caso contrário, agimos de forma parasitária e nos opomos ao esforço evolutivo da sociedade.

RESPEITO A TODAS AS FORMAS DE CULTO E RELIGIÕES: O esplendor da verdade é único, embora apareça de maneiras diferentes, refletido nos vários costumes, mitos, credos, rituais e manifestações da espiritualidade e criatividade humanas. Não podemos julgar culturas segundo os nossos padrões se quisermos compreendê-las e avaliá-las amplamente. É preciso estar aberto para aprender com as diferenças, respeitando-as, enxergando sem distorções preconcebidas a expressão das várias culturas e religiões. Todos os seres humanos têm medos, dúvidas e necessidades espirituais e físicas; assim, só uma aliança entre eles permite a revelação dos mistérios da vida. A religiosidade permeia todas as maneiras de encontrar a essência da verdade em todas as coisas visíveis. Ela não separa, unifica. O que nos afasta dela é a ignorância, o medo e o egoísmo arrogante.

PATRIOTISMO: Não significa delimitar fronteiras e defendê-las a qualquer custo. Não é cultivar separação e a divisão do planeta, o que já nos causou e ainda causa muito sofrimento. Patriotismo é um compromisso amoroso que assumimos com o pedaço da Terra que nos recebeu como filhos. Devemos amar a nossa Pátria honrando e respeitando seu solo e nossos compatriotas, oferecendo nossos talentos e esforços para seu engrandecimento. O mundo hoje está de tal modo interdependente econômica, científica e culturalmente, que não permite mais nenhum retrocesso; portanto, somos irmãos vivendo em lugares diferentes. Os valores humanos e espirituais fortalecem um país. As nações declinam moral, econômica e culturalmente quando seus filhos se esquecem de que são seres humanos, de que têm no espírito sua forma mais evoluída de ser.

RESPEITO À CIDADANIA: O respeito à cidadania reforma a sociedade porque reformula o comportamento do cidadão. A consciência de que o nosso bem-estar e prosperidade estão ligados ao bem-estar e à prosperidade social nos ajuda a compreender como nos colocar em harmonia com o sentido da vida, desempenhando nossos deveres e reivindicando nossos direitos em conjunto. O respeito ao espaço comum, ao patrimônio público, e a contribuição para a melhoria da qualidade de vida da comunidade determinam o desenvolvimento real e nos conscientizam da interdependência. Perdemos o sentido da evolução quando o nosso egoísmo substituiu a busca do verdadeiro significado da vida pelo progresso material, acreditando que nos bastássemos a nós mesmos. A participação de todos é o poder da sociedade de amenizar a dor e o desamparo dos menos favorecidos com idéias e iniciativas criativas e viáveis. Respeito à cidadania exige a ação consciente e o compromisso do cidadão de servir à sociedade.

RESPEITO A TODAS AS FORMAS DE VIDA E À NATUREZA: A natureza tem método e equilíbrio perfeitos em suas múltiplas expressões. A mãe Terra e seus elementos unidos nos compõem e mantêm. A atuação perfeita da natureza é por si só uma grande lição, que ensina, ainda, o quanto fazemos parte dela. Demonstramos nosso nível de autoconhecimento respeitando cada forma de vida como um sistema do qual somos parte integrante. A saúde da natureza, a ecologia e seu equilíbrio devem ser respeitados e preservados, assim como devemos nos manter saudáveis e equilibrados. Após tantas agressões e devastações praticadas contra a natureza pela nossa ignorância cega e ambiciosa, devemos procurar ter um diálogo mais harmonioso e humano com ela e suas criaturas. Manifestação da vontade de Deus, a natureza e suas expressões são sagradas.

USO ADEQUADO DO CONHECIMENTO: Tanto o conhecimento adquirido por educação formal ou pela observação da vida quanto à sabedoria espiritual adquirida pela experiência transcendental devem ser compartilhados e não desperdiçados. Sonegar conhecimento é um ato de violência; porém, oferecê-lo àquele que não tem condições de assimilá-lo também constitui uma forma de agressão. Usar adequadamente o conhecimento significa empregá-lo sempre em benefício do próximo e da evolução do homem. Deve ser transmitido sem imposições e dosado conforme a sede do semelhante, mas sempre com amor e generosidade. Conhecimento é uma forma de poder; assim, deve ser usado com discernimento, serviço do bem.

USO ADEQUADO DA ENERGIA DO ALIMENTO: Os alimentos, quando ingeridos, transformam-se na energia geradora de pensamentos, emoções e movimentos. O cuidado com a alimentação tem sido desprezado. Atualmente damos mais atenção à qualidade do combustível das máquinas do que ao que move o nosso corpo. Devemos voltar a dar prioridade aos alimentos sadios, naturais e energéticos, livres de conservantes. É preciso comer qualidade e não quantidade, pois o controle da gula facilita o domínio dos demais impulsos. Alimentação sadia e equilibrada gera saúde física e mental. O conhecimento do valor nutritivo dos alimentos e sua ação energética ajuda a desenvolver a percepção superior.

USO ADEQUADO DA ENERGIA DO DINHEIRO: O dinheiro está impregnado de energia gerada pelas nossas convenções, normas de comportamento, desenvolvimento social e aspirações materiais. Como toda energia, deve circular; caso contrário, cria desconforto, dor, injustiça, violência e todo tipo de desequilíbrio individual e social. O dinheiro gera possibilidades e não pode ser usado como um instrumento de poder. Avareza, ganância e desperdício são erros cometidos freqüentemente no trato com a energia do dinheiro, devido à inversão dos valores na sociedade. Os valores éticos e espirituais têm sido desprezados, enquanto o dinheiro é visto como a satisfação de desejos insaciáveis. A energia do dinheiro serve para suprir as necessidades básicas, propiciar enriquecimento cultural e ser usada para benefícios comunitários através de iniciativas e atividades edificantes e não para separar as pessoas e embrutecê-las.

USO ADEQUADO DA ENERGIA VITAL: As necessidades e compulsões da natureza do nosso corpo físico não precisam ser reprimidas, mas, sim,conscientizadas. São energias e por isso mesmo devem fluir naturalmente, sem permissividade ou desregramento, para, bem direcionadas, constituírem forças saudáveis que mantenham o nosso organismo hígido. O controle da mente sobre os apelos sensuais evita desgaste inútil da energia vital. Desperdiçamos energia com discurso vazio, ansiedade, agitação excessiva ou sobrecarga da mente com pensamentos atabalhoados. O corpo está a serviço do nosso espírito, por isso deve ser respeitado como servidor e disciplinado para permanecer saudável e apto. O uso adequado da energia vital proporciona melhores condições de aprendizado, disposição física e elevação de propósitos.

USO ADEQUADO DO TEMPO: Tudo o que vive cumpre um ciclo na existência. Cada ser humano dispõe de um período dentro da eternidade para cumprir seu propósito na vida. O tempo biológico segue sua evolução natural: nascimento, desenvolvimento, procriação, amadurecimento, envelhecimento e morte física. O tempo sensitivo e subjetivo é relativo aos nossos estados de ânimo. O tempo mental está condicionado ao nosso contato com o mundo por meio dos sentidos. Quando anulamos a atividade mental, com o sono ou hipnose por exemplo, o tempo pára para nós. Portanto, a realidade transcende o tangível. O uso adequado do tempo que temos de vida física consiste em aproveitar cada oportunidade de aprender como única, adquirir autoconhecimento e servir a sociedade fazendo nossas tarefas sincronizadas com o ritmo da natureza e com a divindade interior, seguindo Sua ordem sagrada.

Nota: Recebi este texto de uma colega de trabalho (manuscrito e sem qualquer fonte de indicação bibliográfica) para fazer uma intervenção de orientação educacional . Transformei os dezessete valores e suas definições em tópicos para reflexão e discussão (em forma de slides) e trabalhei com uma turma do 1º ano do Ensino Médio. 

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